Alimentação e culinária no tempo dos faraós

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26/03/2024, 14:09

Os sabores do Egito Antigo: Alimentação e culinária no tempo dos faraós

A decifração dos hieróglifos, por Jean-François Champollion em 1822, permitiu estudos de vários aspectos da cultura do Egito Antigo, principalmente a partir das inscrições encontradas nas tumbas, nos templos e nos papiros egípcios. Hoje, sabemos que a alimentação e o preparo dos alimentos, tanto no cotidiano como no contexto fúnebre, tinham uma grande importância para a sociedade egípcia, pois eram a fonte de energia durante a vida terrena e na vida após-morte. Os egípcios antigos possuíam uma dieta bastante diversificada, desde o consumo de frutas e leguminosas, a uma gama de pães, bolos, carnes e bebidas. Cenas de banquetes feitos em comemorações e festividades demonstram essa variedade de alimentos.

A dieta variada dos egípcios antigos

O Papiro Anastasi IV possui uma lista de produtos a serem reunidos por um funcionário do palácio de Ramsés III para um banquete de recepção da chegada do faraó a capital. A partir das inscrições, podemos listar, pelo menos, nove tipos de pães disponíveis para consumo, identificar as carnes consumidas no palácio, principalmente de aves como o ganso, codornas e pombos, além de carneiros e peixes, diferentes tipos de bolos e frutas. No entanto, nem todas as camadas da sociedade gozavam da mesma dieta. A cozinha do palácio do faraó, sem dúvidas, dispunha dos mais diversos cardápios alimentares. Já a população, tinha como base da alimentação diferentes tipos de pães e a cerveja, complementados por vegetais e frutas, e em períodos de festividade, por carnes e outros alimentos distribuídos pelo palácio e pelos templos.

Os vegetais eram complementos da dieta da maioria da população, a cebola e alho, por exemplo, poderiam ser consumidos crus com pão. A alface era consumida como salada, assim como o Corchoruso litorius, planta conhecida no Egito por melukhia, e no ocidente por malva, além de diversos tipos de grãos, como feijões, grão de bico, ervilhas e lentilhas. Os figos e as tâmaras estavam frequentemente presentes na culinária egípcia, podendo ser consumidos individualmente ou adicionados as mais variadas receitas, como ingredientes para bolos os tornando adocicados, e na produção de cervejas.

O preparo dos pães e a produção de cerveja

Para preparar os mais variados tipos de pães, os egípcios primeiramente produziam a farinha: os grãos de trigo eram moídos e transformados em farinha com o uso de pilões e almofarizes, nas casas particulares, ou com a roda de moer grãos nas padarias, em seguida peneiravam-na para eliminar os grãos mais resistentes. Na farinha acrescentava-se água e sal, a massa então era sovada em recipientes específicos, parecidos com uma gamela, e depois reservada para fermentação, levando aproximadamente oito horas para crescer. Após esse tempo, o pão era colocado em moldes e formas previamente aquecidos, sendo o molde bedja (em formato cônico) o mais usado, e a massa era assada sobre brasas por cerca de quarenta minutos. O pão poderia ser consumido com cebolas e acompanhado da cerveja.

A cerveja é umas das criações dos egípcios antigos, sendo produzida a partir da fermentação de pães de cevada em água que em seguida eram diluídos e peneirados. Seu líquido era bastante encorpado e espesso, muito energético. Assim como o pão, havia uma variedade de cervejas no Egito Antigo. A henket, era muito popular entre os egípcios, usada também como pagamento dos salários. A cerveja seremet obtida através da adição de tâmaras esmagadas no seu processo de fermentação, que além de adocicar mais a cerveja, aumentava o seu índice alcoólico e a tornava mais estável, sendo assim superior às demais. Outros exemplos são: a cerveja henemes, hamat, tenemu e decheret. A diferença entre elas consiste basicamente no tipo de grão utilizado como matéria prima. Além das tâmaras, outros condimentos poderiam ser adicionados no processo de fermentação, como figos, frutos de persea, sementes de tremoço, coentro e mel.

Outra bebida fermentada, que acompanha o pioneirismo egípcio, é o vinho, ierp. A vinha não é nativa do Egito, muito provavelmente, foi importada da Síria-Palestina por volta de 3100 a.c. e passou a ser cultivada próxima as margens do Nilo, em áreas onde a enchente não alcançava, desde as primeiras dinastias. Nas tumbas reais e nobres do Reino Antigo, já havia representações de cenas da produção de vinho, mas apesar de muitas tumbas retratarem esse processo, o consumo da bebida estava restrito a determinados grupos sociais. O vinho estava presente nos banquetes e nas festividades, além de possuir caráter religioso, usado como oferenda aos deuses pelo faraó nos templos.




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Os sabores do Egito Antigo: Alimentação e culinária no tempo dos faraós

A decifração dos hieróglifos, por Jean-François Champollion em 1822, permitiu estudos de vários aspectos da cultura do Egito Antigo, principalmente a partir das inscrições encontradas nas tumbas, nos templos e nos papiros egípcios. Hoje, sabemos que a alimentação e o preparo dos alimentos, tanto no cotidiano como no contexto fúnebre, tinham uma grande importância para a sociedade egípcia, pois eram a fonte de energia durante a vida terrena e na vida após-morte. Os egípcios antigos possuíam uma dieta bastante diversificada, desde o consumo de frutas e leguminosas, a uma gama de pães, bolos, carnes e bebidas. Cenas de banquetes feitos em comemorações e festividades demonstram essa variedade de alimentos.

A dieta variada dos egípcios antigos

O Papiro Anastasi IV possui uma lista de produtos a serem reunidos por um funcionário do palácio de Ramsés III para um banquete de recepção da chegada do faraó a capital. A partir das inscrições, podemos listar, pelo menos, nove tipos de pães disponíveis para consumo, identificar as carnes consumidas no palácio, principalmente de aves como o ganso, codornas e pombos, além de carneiros e peixes, diferentes tipos de bolos e frutas. No entanto, nem todas as camadas da sociedade gozavam da mesma dieta. A cozinha do palácio do faraó, sem dúvidas, dispunha dos mais diversos cardápios alimentares. Já a população, tinha como base da alimentação diferentes tipos de pães e a cerveja, complementados por vegetais e frutas, e em períodos de festividade, por carnes e outros alimentos distribuídos pelo palácio e pelos templos.

Os vegetais eram complementos da dieta da maioria da população, a cebola e alho, por exemplo, poderiam ser consumidos crus com pão. A alface era consumida como salada, assim como o Corchoruso litorius, planta conhecida no Egito por melukhia, e no ocidente por malva, além de diversos tipos de grãos, como feijões, grão de bico, ervilhas e lentilhas. Os figos e as tâmaras estavam frequentemente presentes na culinária egípcia, podendo ser consumidos individualmente ou adicionados as mais variadas receitas, como ingredientes para bolos os tornando adocicados, e na produção de cervejas.

O preparo dos pães e a produção de cerveja

Para preparar os mais variados tipos de pães, os egípcios primeiramente produziam a farinha: os grãos de trigo eram moídos e transformados em farinha com o uso de pilões e almofarizes, nas casas particulares, ou com a roda de moer grãos nas padarias, em seguida peneiravam-na para eliminar os grãos mais resistentes. Na farinha acrescentava-se água e sal, a massa então era sovada em recipientes específicos, parecidos com uma gamela, e depois reservada para fermentação, levando aproximadamente oito horas para crescer. Após esse tempo, o pão era colocado em moldes e formas previamente aquecidos, sendo o molde bedja (em formato cônico) o mais usado, e a massa era assada sobre brasas por cerca de quarenta minutos. O pão poderia ser consumido com cebolas e acompanhado da cerveja.

A cerveja é umas das criações dos egípcios antigos, sendo produzida a partir da fermentação de pães de cevada em água que em seguida eram diluídos e peneirados. Seu líquido era bastante encorpado e espesso, muito energético. Assim como o pão, havia uma variedade de cervejas no Egito Antigo. A henket, era muito popular entre os egípcios, usada também como pagamento dos salários. A cerveja seremet obtida através da adição de tâmaras esmagadas no seu processo de fermentação, que além de adocicar mais a cerveja, aumentava o seu índice alcoólico e a tornava mais estável, sendo assim superior às demais. Outros exemplos são: a cerveja henemes, hamat, tenemu e decheret. A diferença entre elas consiste basicamente no tipo de grão utilizado como matéria prima. Além das tâmaras, outros condimentos poderiam ser adicionados no processo de fermentação, como figos, frutos de persea, sementes de tremoço, coentro e mel.

Outra bebida fermentada, que acompanha o pioneirismo egípcio, é o vinho, ierp. A vinha não é nativa do Egito, muito provavelmente, foi importada da Síria-Palestina por volta de 3100 a.c. e passou a ser cultivada próxima as margens do Nilo, em áreas onde a enchente não alcançava, desde as primeiras dinastias. Nas tumbas reais e nobres do Reino Antigo, já havia representações de cenas da produção de vinho, mas apesar de muitas tumbas retratarem esse processo, o consumo da bebida estava restrito a determinados grupos sociais. O vinho estava presente nos banquetes e nas festividades, além de possuir caráter religioso, usado como oferenda aos deuses pelo faraó nos templos.