Desventuras Noturnas: Uma Jornada Adulta na Terra dos Problemas Cotidianos
AndressaVannuccini
08/01/2024, 22:13
"Insônia Infeliz" — essa é a mais recente praga que assola os adultos. Ah, não me refiro àqueles ainda tragicamente encarcerados na ilusão dos trinta e poucos, onde a insônia é apenas o resultado de um excesso no bar ou de um dia particularmente estressante no escritório. Não, não. Falo da "insônia infeliz" que definha o sono dos homens e mulheres mais amadurecidos, aqueles que já cruzaram a terrível fronteira dos quarenta. Pobre grupo. Meditando à luz da lâmpada da sala, observando o tenebroso avanço dos números vermelhos do relógio digital. E quanto mais eles lutam contra ela, mais essa insônia implacável ó os mantém acordados, forçando-os a consumir quantidades cada vez maiores de café e de médicos charlatões que prometem curas mirabolantes. Ah, imagino-os lá de sua mansão insignificante, encarando o abismo de seus pensamentos enquanto o mundo à sua volta, de seus filhos à Netflix, é tragado num sono profundo. Que criaturas infelizes. Eles mexem e remexem, armados de complexos termos médicos que mal conseguem pronunciar, na esperança de aplacar o ronco invencível do silêncio noturno. Deixem-me contar a vocês, caros leitores juvenis, sobre o esplêndido espetáculo da insônia. É como assistir a um show de malabarismo sem fim, onde a mente é o palhaço desafortunado que é forçado a fazer malabarismo com as preocupações do dia - a conta de luz, o boletim do filho mais novo, a reunião com o chefe chato pela manhã. All at once! E, quando a mente finalmente colapsa, vencida pela exaustão, esses desgraçados adultos viram-se para o lado e percebem que o novo dia já nasceu. Então, arrastam-se para fora da cama, armados com xícaras de café e olheiras, e iniciam outra jornada, na esperança vã de que, desta vez, o sono os visite no momento certo. Por fim, venho a conclusão que a "insônia infeliz" é, de fato, uma poesia cósmica, uma brincadeira cruel do destino destinada a mostrar às pessoas que a vida é, e sempre será, um perpetuar-se de ironias. São o ciclo vicioso — uma espécie de lirismo mórbido, não é? Da próxima vez que for acordado por um adulto vagueando pela casa no meio da noite, não pare para perguntar se está tudo bem. Simplesmente acione a cafeteira, acenda as luzes e vá deitar. Deixe-o ser. Pois é preciso uma certa dose de coragem para enfrentar a maldição da insônia e, acredite em mim, eles não desejam nada mais além de uma boa noite de sono e, quem sabe, alguns momentos de paz em sua interminável luta contra o tempo. É, meus queridos, tempos duros para sonhadores. Ou deveria dizer, insônia para os sonolentos?